sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Resenha crítica: História das idéias pedagógicas

GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. São Paulo: Ática, 2005. (p. 21-37).
Lígia da Costa Pereira
Turma de Pedagogia
Resumo crítico
O pensamento pedagógico surgiu com a reflexão da prática educacional e como necessidade de sistematizá-la e organizá-la em função de determinados fins e objetivos.
No oriente ligou-se inteiramente à religião (taoísmo, budismo, hinduísmo e judaísmo), afirmando-se principalmente os valores da tradição, da não-violência, da meditação. Esse pensamento não desapareceu completamente nos dias atuais, apenas evoluiu, transformou-se, e ainda mantém muitos seguidores.
A educação primitiva era marcada pelos rituais de iniciação, além disso, fundamentava-se pelas visões animista (pedras, árvores, animais possuíam alma semelhante à do homem) e totemista (concepção de mundo que toma qualquer ser – homem, animal, planta, fenômeno natural – como sobrenatural e criador do grupo). Essa educação era considerada espontânea, natural, não-intencional, apenas baseava-se na imitação e na oralidade, além de ser confiada a toda comunidade em função da vida e para ela.
A doutrina pedagógica mais antiga vem ser o taoísmo (que significa razão universal), nela existem princípios que recomendam uma vida tranqüila, sossegada, quieta aos seus seguidores. Baseado nessa doutrina, Confúcio criou um sistema moral que exaltava a tradição e o culto aos mortos (confucionismo).
Esse confucionismo acabou se transformando em religião do estado, em função da revolução cultural, que aconteceu na China, que teve como líder Mão Tse- Tung, isso no século XX. Dentro do confucionismo criou-se um sistema de exames baseados no ensino dogmático e memorizado, onde o memorismo fossilizava a inteligência, a imaginação e a criatividade, que hoje são exaltados pela pedagogia.
O confucionismo abriu espaço para o aparecimento de outras doutrinas pedagógicas com tendências religiosas, como o panteísmo do extremo oriente o teocratismo hebreu que influenciou a cultura ocidental, o misticismo hindu, o magicismo babilônico, onde essas doutrinas se estruturaram e se desenvolveram em função da emergência da sociedade de classes; não esquecendo que a escola é uma instituição formal que surgiu como resposta à divisão social do trabalho e ao nascimento do Estado, da família e da propriedade privada. É a partir desse momento é que podemos analisar ou mesmo descobrir as diferenças entre a educação primitiva e a que temos hoje, pois a primitiva era única, igual para toadas, enquanto com divisão do trabalho apareceu às desigualdades das educações, uma para os exploradores e outra para os explorados, de forma mais clara, uma para os ricos e outra para os pobres.
A sociedade grega foi que serviu de berço da cultura, da civilização e da educação no Ocidente, além disso, o caráter de classe da educação grega mostrava-se na exigência de que o ensino estimulasse a competição, as virtudes guerreiras, para mais tarde assegurar a superioridade militar sobre as classes submetidas (escravos) e as regiões conquistadas, por isso pode-se dizer que para os gregos o homem bem-educado tinha de ser capaz de mandar e de fazer-se obedecer.
Poucos eram ensinados a governar, e se todos fossem educados para governar, haveria na Grécia a democracia como entendemos nos dias de hoje, onde dentro dela existiria o diálogo e a liberdade de ensino o que acontecia apenas entre os homens livres (sem preocupações materiais ou com o comércio e a guerra, pois, eram atividades reservadas às classes inferiores).
Dessa forma, a Grécia atingiu o ideal mais avançado da educação na antiguidade, a chamada Paidéia, um tipo de educação que buscava integrar a cultura da sociedade e a criação individual de outra cultura em influência recíproca, portanto, os gregos criaram uma pedagogia da eficiência individual e, simultaneamente, da liberdade da convivência social e política.
Não se pode esquecer de citar que os gregos realizaram a síntese entre a educação e cultura, onde deram muito valor à arte, a literatura, as ciências e a filosofia. Como qualquer educação rica, essa não poderia escapar de desacordos, tais quais aconteceram entre duas cidades gregas: Esparta e Atenas. Para os espartanos o que predominava era a ginástica e a educação moral, já os atenienses também davam valor aos esportes, porém, insistiam mais na preparação teórica para formação política.
O mundo grego foi muito rico em tendências pedagógicas tais quais pode-se citar a de Pitágoras que pretendia realizar na vida humana a ordem que se via o universo, a harmonia que a matemática demonstrava; Isócrates que centrava o ato educativo não tanto na reflexão como queria Platão, mas na linguagem rótica (arte de falar bem); a de Xenofontes que foi a primeira a pensar na educação feminina, embora fosse restrita aos conhecimentos caseiros e de interesse do esposo; tem que citar Platão aqui, devido ele ter desejado uma educação municipal, isto é, todo ensino deveria ser público, para evitar pretensões totalitárias as quais eram bem visíveis em Esparta e refletiram no nazismo e fascismo. Diferentemente, em Atenas o ensino era aristocrático (nobre) e buscava o conhecimento da verdade, do belo e do bem, isso quer dizer, que não havia disputa física, mas sim intelectuais.
Lao Tse- Tung, Talmude, Sócrates e Platão, entre outros, deixaram textos de análise e reflexão sobre a educação e que podem ser aplicados na forma de ensino em que vivemos. Até porque se analisarmos bem, nossa educação não passa apenas de um reflexo do que foi construído pelos antigos, pois passou por transformações, e não perdeu totalmente suas tendências religiosas, sociais e políticas.
Portanto, para entendermos o funcionamento da educação atual é preciso que busquemos conhecimentos prévios sobre ela, de que forma ela surgiu e como se transformou no tempo e no espaço e esse texto de Gadotti nos responde a essas meras perguntas, além de nos abrir caminhos para seguir o seu entendimento ou nos opormos a ele, porque nada existe de forma quase perfeita se não houver divergências.

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